O pior investimento da minha vida
Querem saber qual foi minha maior cagada financeira? Então senta que lá vem desgraça.
Lá nos idos anos 2007 o mercado de ações estava bombando. Neste mesmo ano vendi um aparamento e estava com dinheiro em conta para investir. Aí começou a minha sequência de asneiras. A primeira besteira foi escolher uma úncia empresa para aportar a maior quantia que tinha disponível. A segunda besteira foi escolher uma empresa do governo. E a escolhida foi....
Meus argumentos, juntamente com 99.99% da população, eram: o governo nunca vai deixar esse dinossauro morrer; combustível fóssil é limitado e por isso o preço só tende a aumentar; Petrobosta só quebra se o Brasil quebrar.
Infelizmente, existe um porém que não considerei: a empresa pode não quebrar, mas pode definhar até quase desaparecer e ficar neste estado vegetativo até o fim dos tempos.
Pois bem, lá vou eu enfiar uns bons trocados na inquebrável Petrobosta. A sequência do desastre foi assim:
Tudo começa no fatídico 2008. Mercado em alta! Compro 13 mil PETR4. Preço médio R$ 45,61. Logo em seguida, outubro, vem a crise derrubando tudo. Fiquei chateado, mas como bom buy-and-hold que eu achava ser, segurei firme e fiquei vendo a 💩 desabar juntamente com os trambiques que foram descobertos na má gestão da Presidenta Inocenta.
Em 2011 bateu R$26,00 e eu, esperto que sou, resolvi fazer um belo preço médio. Assim, bastaria subir para 30 reais e eu já podia sair com lucro.
Vocês têm que me dar parabéns. Segurei firme o papel e não vendi. Tinha esperança de um futuro melhor. Foi então que chegou 2017 e Petrobosta disparou para absurdos R$14,87. São incríveis 200% de aumento desde quando estava no vale das almas perdidas. Aí não aguentei. Eram 6 anos perdendo a oportunidade de estar alocado em algo um muito melhor. Resolvi aceitar a m*erda que fiz e vendi tudo. Foram 2300 PETR4 vendidas a R$14,87 que me deram como resultado R$34.201,00 e um lindo prejuízo de R$30.769,00 sem contar o custo de oportunidade que isso me causou. Tchau querida. Até nunca mais.
Lições aprendidas:
1) Nunca subestime a capacidade do governo influir nas decisões de uma empresa em que ele é acionista com poder de decisão.
Nunca, jamais coloque seu dinheiro em empresa estatal. Pode dar certo (como deu por décadas com a Petrobosta), mas quando quebrar vai ser rápido e inesperado como toda boa e velha corrupção interna. Como um câncer.
2) Nunca invista grande parte de seu patrimônio em ações de uma única empresa brasileira.
"Mas Zé Cotinha, banco nunca quebra". Minha resposta é: está no Brasil? Então as chances de quebrar por influência indireta do governo ou má administração é grande. Como brasileiro que sou, confio na enorme capacidade de gerirmos mal, planejarmos mal e destruirmos todas as esperanças de qualquer empreendimento. A transparência das empresas na Bovespa não chega nem aos pés do que é praticado no mercado norte americano. E, mesmo assim, lá tem quebradeira de vez enquando (lembra do Lehman Brothers?)
3) Buy-and-hold é longuíssimo prazo.
Assumo meu erro de ter vendido. Poderia estar com esse lixo na carteira. A proporção com meu patrimônio atual seria mínima e eu poderia estar hoje de camarote esperando algo melhor acontecer.
4) Não faça preço médio em investimento ruim só pra amenizar a decisão de sair.
Para ilustrar isso, imagine a seguinte situação: você entra num banheiro público e deixa cair na privada uma nota de R$10,00. Você fica chateado, mas não vai por a mão lá por causa de 10 reais. Então você faz o quê? Joga 100 reais na privada e diz: agora sim, vale a pena.
Isso é fazer preço médio para sair de investimento.
Então, como agir no mercado acionário? Sinceramente, agora só vou de fundos de índices passivos (PIBB11 no meu caso). Fundos ativos nem considero aqui, pois só serve para encher bolso de gestores e correras. A outra saída é montar uma carteira ativa de empresas sólidas. Acho que estou ficando velho para isso. O PIBB11 é ideal para mim. Pode ser que não suba tanto quanto uma carteira ativa, pode ser que suba mais, mas uma coisa é certa: onde quer que for que uma carteira bem gerida chegar, eu estarei logo ali na rabeira com meu PIBB11 e sem gastar 1 segundo sequer do meu precioso tempo para geri-lo.
Tem muito lixo no PIBB11, eu sei, mas o mais legal é que ele é auto-limpante. Basta alguma empresa performar mal e perder as condições de estar ali e ela é automaticamente chutada para fora. Outra melhor entra no lugar. E eu não precisei fazer nada!
ps.: Adquiri recentemente debêntures da Petrobras. Já estou arrependido, mas pelo menos debêntures só não são honradas quando há um default e quebra pra valer, sem volta. Isso acho que não ocorrerá.
Então é isso! Espero que não cometam meus erros no futuro.
Lá nos idos anos 2007 o mercado de ações estava bombando. Neste mesmo ano vendi um aparamento e estava com dinheiro em conta para investir. Aí começou a minha sequência de asneiras. A primeira besteira foi escolher uma úncia empresa para aportar a maior quantia que tinha disponível. A segunda besteira foi escolher uma empresa do governo. E a escolhida foi....
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| que rufem os tambores... |
PETROBOSTA
Meus argumentos, juntamente com 99.99% da população, eram: o governo nunca vai deixar esse dinossauro morrer; combustível fóssil é limitado e por isso o preço só tende a aumentar; Petrobosta só quebra se o Brasil quebrar.
Infelizmente, existe um porém que não considerei: a empresa pode não quebrar, mas pode definhar até quase desaparecer e ficar neste estado vegetativo até o fim dos tempos.
Pois bem, lá vou eu enfiar uns bons trocados na inquebrável Petrobosta. A sequência do desastre foi assim:
Tudo começa no fatídico 2008. Mercado em alta! Compro 13 mil PETR4. Preço médio R$ 45,61. Logo em seguida, outubro, vem a crise derrubando tudo. Fiquei chateado, mas como bom buy-and-hold que eu achava ser, segurei firme e fiquei vendo a 💩 desabar juntamente com os trambiques que foram descobertos na má gestão da Presidenta Inocenta.
Em 2011 bateu R$26,00 e eu, esperto que sou, resolvi fazer um belo preço médio. Assim, bastaria subir para 30 reais e eu já podia sair com lucro.
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| Eu olhando PETR4 caindo abaixo de R$5 em 2016 |
Lições aprendidas:
1) Nunca subestime a capacidade do governo influir nas decisões de uma empresa em que ele é acionista com poder de decisão.
Nunca, jamais coloque seu dinheiro em empresa estatal. Pode dar certo (como deu por décadas com a Petrobosta), mas quando quebrar vai ser rápido e inesperado como toda boa e velha corrupção interna. Como um câncer.
2) Nunca invista grande parte de seu patrimônio em ações de uma única empresa brasileira.
"Mas Zé Cotinha, banco nunca quebra". Minha resposta é: está no Brasil? Então as chances de quebrar por influência indireta do governo ou má administração é grande. Como brasileiro que sou, confio na enorme capacidade de gerirmos mal, planejarmos mal e destruirmos todas as esperanças de qualquer empreendimento. A transparência das empresas na Bovespa não chega nem aos pés do que é praticado no mercado norte americano. E, mesmo assim, lá tem quebradeira de vez enquando (lembra do Lehman Brothers?)
3) Buy-and-hold é longuíssimo prazo.
Assumo meu erro de ter vendido. Poderia estar com esse lixo na carteira. A proporção com meu patrimônio atual seria mínima e eu poderia estar hoje de camarote esperando algo melhor acontecer.
4) Não faça preço médio em investimento ruim só pra amenizar a decisão de sair.
Para ilustrar isso, imagine a seguinte situação: você entra num banheiro público e deixa cair na privada uma nota de R$10,00. Você fica chateado, mas não vai por a mão lá por causa de 10 reais. Então você faz o quê? Joga 100 reais na privada e diz: agora sim, vale a pena.
Isso é fazer preço médio para sair de investimento.
Então, como agir no mercado acionário? Sinceramente, agora só vou de fundos de índices passivos (PIBB11 no meu caso). Fundos ativos nem considero aqui, pois só serve para encher bolso de gestores e correras. A outra saída é montar uma carteira ativa de empresas sólidas. Acho que estou ficando velho para isso. O PIBB11 é ideal para mim. Pode ser que não suba tanto quanto uma carteira ativa, pode ser que suba mais, mas uma coisa é certa: onde quer que for que uma carteira bem gerida chegar, eu estarei logo ali na rabeira com meu PIBB11 e sem gastar 1 segundo sequer do meu precioso tempo para geri-lo.
Tem muito lixo no PIBB11, eu sei, mas o mais legal é que ele é auto-limpante. Basta alguma empresa performar mal e perder as condições de estar ali e ela é automaticamente chutada para fora. Outra melhor entra no lugar. E eu não precisei fazer nada!
ps.: Adquiri recentemente debêntures da Petrobras. Já estou arrependido, mas pelo menos debêntures só não são honradas quando há um default e quebra pra valer, sem volta. Isso acho que não ocorrerá.
Então é isso! Espero que não cometam meus erros no futuro.
